sexta-feira, 3 de maio de 2013

"Sabemos que a Coreia do Norte pode estar preparando o lançamento de um míssil e estamos acompanhando a situação de perto", disse o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney. O mundo acompanha, apreensivo, as notícias das ameaças do jovem líder Kim Jong-un aos EUA. Só nos últimos meses, Jong-un realizou um teste nuclear, ignorou a repreensão da ONU, anunciou estado de guerra contra a Coreia do Sul e disse que o território americano pode ser alvo de mísseis. Apesar de não ser possível saber, por enquanto, se as intenções do coreano são reais, o perigo existe. A capacidade nuclear da Coreia do Norte é uma incógnita, mas em fevereiro a agência estatal KCNA anunciou:"Um terceiro teste nuclear foi realizado com êxito”. De acordo com a nota, o "teste nuclear de alto nível, ao contrário dos executados no passado, teve mais potência e incluiu um dispositivo atômico miniaturizado e mais leve". O fato de um país pobre como a Coreia do Norte ter bombas atômicas mostra que qualquer nação que esteja disposta a investir em um programa nuclear pode entrar na corrida, ampliando o risco de um confronto mundial devastador. A Coreia do Norte ameaça bombardear a Coreia do Sul, os EUA e todo mundo que estiver no caminho. Líderes estrangeiros desconfiam que não passe de bravata, enquanto outros preferem manter cautela. Um aviso bíblico parece descrever bem esse momento: “Quando, porém, ouvirdes falar de guerras e rumores de guerras, não vos assusteis (...) Estas coisas são o princípio das dores". (Mc 13:7,8) O perigo nuclear Ao portal R7, o pesquisador do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Adonis Marcelo Saliba, explicou que numa bomba atômica convencional (como a que a Coreia do Norte teria) é usada dinamite para romper os átomos de plutônio ou urânio. O dano produzido pela energia liberada por uma bomba destas pode afetar uma área e sua população por gerações, durante milhares de anos. "O urânio demora tanto para se dispersar no meio ambiente que é usado como elemento para medir o tempo de vida do planeta Terra", comenta Saliba. O pesquisador explica também que, se uma bomba de urânio fosse jogada na Coreia do Sul, a própria Coreia do Norte sofreria com os estragos — que vão além da destruição causada pela explosão. Destruição total Em 1945, para forçar o Japão a se render, provocando o término da Segunda Guerra Mundial, os EUA utilizaram um segredo em que trabalhavam há poucos anos, e pegaram o mundo de surpresa. A bomba de Hiroshima, apelidada de Little Boy (Garotinho) explodiu em 6 de agosto, a cerca de 600 metros do solo. Três dias mais tarde, a bomba “Fat Man” (Homem Gordo) atingiu a cidade de Nagasaki. As duas cidades foram instantaneamente destruídas e mais de 200 mil pessoas morreram. O número de vítimas é ainda maior, se contabilizadas aquelas cujo fim foi precipitado pelas consequências da radiação. Praticamente tudo o que estava no epicentro (inclusive as pessoas) foi imediatamente vaporizado pela temperatura absurdamente alta (o centro da explosão atingiu mais de 1 milhão de graus). Na área ao redor, a bola de fogo transformou tudo o que encontrou pela frente em cinzas. No documentário “Voice of Hibakusha”, a sobrevivente Akiko Takakura relembrou os momentos seguintes à explosão em Hiroshima: “Um redemoinho de fogo se aproximou de nós pelo sul. Era como um grande tornado de fogo, se espalhando por toda a largura da rua. Todo mundo só tentava fugir do fogo. Era como o inferno.” Fogo, explosão, vento e ondas de choque (que demoliram edifícios e quebraram janelas – muitos morreram soterrados pelos escombros ou atingidos pelos estilhaços de vidro) foram apenas o início da destruição. A radiação se espalhou para ainda mais longe, fazendo vítimas até entre os que julgavam estar protegidos. A chuva que caiu em seguida, radioativa, negra e espessa, contaminou a água e o solo da região. “Houve um clarão, muito mais brilhante que qualquer flash usado em câmeras. Houve um tremendo barulho quando todas as construções ao meu redor desabaram. Eu fiquei presa debaixo dos escombros. Um pouco depois, senti cheiro de algo como enxofre”, contou Taeko Teramae, sobre o momento do ataque. Isao Kita, outro sobrevivente, conta que viu a explosão pela janela. “Depois que notei o brilho, nuvens brancas se espalharam pelo céu azul. Foi incrível. Como se uma flor gigante desabrochasse no céu. E aí veio a onda de calor. Muito, muito quente. Era como colocar a cara na frente de um forno. Eu não conseguiria aguentar por muito tempo. Então aconteceu o barulho.” Muito do conhecimento que temos sobre os efeitos da exposição à radiação se deve aos estudos dos geneticistas William Schull e James V. Neel. O doutor Schull fez parte da Atomic Bomb Casualty Commission, estabelecida para investigar os efeitos da bomba atômica na saúde dos sobreviventes, e continuou seus estudos por cerca de 5 décadas, mesmo depois do fim da Comissão. Ele relata que apesar de cerca de 50% das mortes terem ocorrido em decorrência da explosão e dos incêndios, “nas 9 semanas seguintes, os sobreviventes experimentaram febre, náuseas, vômitos, falta de apetite, diarreia com sangue, perda de cabelos, hemorragias sob a pele, feridas na garganta e boca, deterioração e ulcerações das gengivas ao redor dos dentes”. Além disso, muitas grávidas expostas à radiação tiveram filhos com deformidades, retardo mental e microcefalia. Nos anos posteriores de estudos, Schull percebeu aumento nos casos de leucemia nos sobreviventes, além de diversos outros tipos de câncer. Horas, dias, semanas, meses e anos após os ataques, a radioatividade continuou atacando as células dos sobreviventes. A deterioração do sistema imunológico, deixando o organismo aberto a infecções, piorou a situação dos queimados e amputados de Hiroshima e Nagasaki. As vítimas morriam em poucos dias, mesmo depois de transferidas para um hospital. Até o ataque em Hiroshima, o governo japonês não tinha conhecimento da existência de bombas nucleares. Fat Man e Little Boy eram as duas únicas bombas que os EUA possuíam. Ninguém mais tinha desenvolvido tal armamento. Hoje, oito países assumem publicamente possuir armamento nuclear: EUA, Rússia, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão e Coreia do Norte. Sabe-se que Israel possui esse tipo de arma, mas o país não confirma, nem nega essa informação. Em uma guerra nuclear mundial, os efeitos sentidos por Hiroshima e Nagasaki se estenderiam. Sobre a possibilidade de um ataque nuclear norte-coreano e uma resposta americana, o pesquisador do Ipen, Adonis Saliba, afirma: "Uma bomba atômica não tem fronteira. Os danos seriam catastróficos no local atingido, mas a radiação também poderia contaminar tudo. Atingir Coreia do Sul, Japão e até o Brasil". Quase 70 anos depois, a população talvez não se lembre dos detalhes dos ataques nucleares, mas esse é um perigo que nos ronda cada vez mais de perto e que não deve ser esquecido. Os EUA, por exemplo, possuem bombas de hidrogênio, tecnologia ainda mais destrutiva do que a utilizada para arrasar as duas cidades japonesas. As descrições das testemunhas a respeito dos sons, do cheiro de enxofre, do fogo, da fumaça, da visão de pessoas andando pelas ruas seminuas, queimadas, com a pele pendurada, nos parecem cenas de algum filme de terror. Nos lembram também as profecias bíblicas, que relatam os últimos dias. “Por meio destes três flagelos, a saber, pelo fogo, pela fumaça e pelo enxofre que saíam da sua boca, foi morta a terça parte dos homens.” Apocalipse 9:18 Na época em que o Apocalipse foi escrito, as guerras eram com espadas, homem a homem, e vencia o mais forte. No cenário atual, venceria aquele que tivesse menos a perder. A espada, hoje, vem recheada de material radioativo e é capaz de matar milhões em um só golpe. “E saiu outro cavalo, vermelho; e ao seu cavaleiro, foi-lhe dado tirar a paz da terra para que os homens se matassem uns aos outros; também lhe foi dada uma grande espada” (Apocalipse 6:4) “O que eu senti naquele momento era que Hiroshima só tinha três cores. Eu lembro de vermelho, preto e marrom. Nada, nada mais”, disse Akiko Takakura.

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