quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Ao analisarmos essa passagem bíblica pela ótica do amor e da graça já nos deparamos com um problema: como um Deus de amor só nos daria uma oportunidade na vida para aceitá-lo? A Bíblia nos revela o contrário, que Ele é o Deus dos recomeços e das segundas, terceiras e enes chances. Então, temos que analisar esse texto com mais cuidado. “Como é que as pessoas que abandonaram a fé podem se arrepender de novo? Elas já estavam na luz de Deus. Já haviam experimentado o dom do céu e recebido a sua parte do Espírito Santo. Já haviam conhecido por experiência que a palavra de Deus é boa e tinham experimentado os poderes do mundo que há de vir. Mas depois abandonaram a fé. É impossível levar essas pessoas a se arrependerem de novo, pois estão crucificando outra vez o Filho de Deus e zombando publicamente dele.” (NTLH, Hb 6.4-6). Paulo está falando de um grupo especial de pessoas, não daquelas que cometem os pecados comuns à fraqueza humana, naturais da caminhada cristã. São pessoas que abandonaram, literalmente, a fé. Pessoas que desistiram de Jesus, que chegaram à conclusão de que Ele não é o melhor para suas vidas. Experimentaram Jesus e não gostaram, assim como se come um doce e, não gostando do sabor, não se quer comê-lo de novo. Eu detesto beterraba; comi uma vez e achei horrível, então, eu nunca mais quis comer beterraba e não tem ninguém que me convença que eu deva comer beterraba. Simples assim. Há pessoas que experimentaram Jesus, o provaram e não gostaram do Seu sabor. Jesus é doce e suave, mas, muitos dos Seus ensinamentos doem, ardem e exigem um grande poder de decisão para serem cumpridos – Jesus é saboroso, mas, a digestão pode ser díficil. Então, muitos decidem não se alimentar mais dEle. Porém, as pessoas que foram verdadeiramente iluminadas pelo Espírito Santo, que provaram de Sua unção e comungaram de Seu poder e vida; que estudaram e exerceram a Palavra de Deus como verdade absoluta para suas vidas – essas pessoas foram, de fato, transportadas das trevas para a maravilhosa luz do Senhor e esse é um processo que não tem volta. Quando se vive essa experiência de forma autêntica e inquestionável, enxerga-se o sobrenatural de Deus e já não se pode retroceder. Muitos param no caminho, se desviam para a direita ou para a esquerda, no entanto, voltarão um dia. É como abrir uma fresta da porta da graça de Deus – ao enxergarmos uma nesga da graça de Deus, jamais voltaremos a ser o que éramos antes. Experimentar a luz de Deus nos faz incompatíveis com as trevas. Einstein nos deixou uma frase que ilustra bem isso: “A mente que se abre a um novo conhecimento jamais poderá voltar ao tamanho original”. Quando alguém retrocede é o que chamamos de abandono da fé. Abandonar a fé é desistir de Jesus Cristo de forma consciente. Essa pessoa fez uma escolha e quando, depois de conhecer a Cristo, escolhe-se viver em trevas, isso revela um coração duro, impertinente e cruel, que prefere ser filho do diabo a ser filho de Deus. O Espírito Santo, então, retira-se e, como é Ele quem convence o homem do pecado, é muitíssimo difícil essa pessoa se arrepender e voltar aos caminhos do Senhor. Temos o livre-arbítrio e cabe a nós escolher entre as trevas ou a luz; quando conhecemos ambos os lados de forma profunda e fazemos uma escolha, Deus respeita a nossa vontade. A pessoa que conheceu intimamente a Cristo e decidiu voltar a viver para o diabo dificilmente se arrependerá, pois, conhece os dois lados e fez uma escolha consciente – o Espírito Santo não vai forçar a barra para convencê-lo a nada. Ja vi pessoas que, após terem sido tremendamente usadas por Deus, voltaram para o mundo. Elas escolheram isso. Essas pessoas sabem que vão para o inferno, mas, não querem voltar atrás e assumem isso sem qualquer constrangimento. Elas têm um coração mau e desejam coisas más, elas têm prazer nas coisas do mundo e isso é uma escolha pessoal e voluntária. Além disso, a separação contínua de Deus as torna mais vulneráveis à atuação do inimigo. Então, ele cria fortalezas e sofismas em suas mentes, que as impedem de enxergar e compreender Deus como ele de fato é – o coração dessas pessoas fica cauterizado, insensível. Distanciar-se de Deus é diferente de desviar-se dele. Muitos se distanciam de Deus e serão atraídos de volta, receberão novas chances se quiserem, tudo a seu tempo. Outros, nunca se converteram de verdade e ainda experimentarão a conversão genuína. Alguns, porém, não estão distanciados, estão voluntariamente desviados, ou seja, abandonaram a fé. Distanciar-se de Deus é deixar de ir à igreja, de ler a Bíblia, de orar… É voltar a usar certas roupas que não usávamos mais, conversar sobre coisas que não falávamos mais e insistir em certos pecados que já estavam vencidos. Estamos distantes, mas, acreditamos em Deus, mantemos a nossa confissão em Jesus Cristo, mantemos certo temor e, apesar de uma vida reprovável, sabemos que Ele é o único caminho para Deus, o única Salvador. Desviar-se de Deus, porém, é desconsiderar Ele como tal, é não acreditar em Sua divindade: é retornar para o candomblé, por exemplo, e voltar a servir a satanás; é voltar para o catolicismo e para a idolatria de imagens – é não mais acreditar que Jesus seja o único e suficiente salvador da humanidade. A Bíblia relata casos em que a maldade do coração do homem foi tão firme e inclemente que Deus desistiu dele, como foi o caso de Saul. Deus, porém, não desiste dos que se afastam, como fez com o filho pródigo. Veja o que Ele fez com Sansão, que apenas se distanciou, mas, manteve sua fé. Ele persiste com os que ainda não O conhecem de fato, como fez com a mulher junto ao poço, em Samaria. Ele abomina e rejeita os duros de coração e orgulhosos, que escolheram ser filhos do Diabo, mas, esses são casos especiais, que são tratados de forma especial e justa. A condenação é para os que não crêem – os fracos sempre terão oportunidade, pois, Deus conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó. Fica o seguinte versículo para reflexão: “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” Mateus 16.16. Deus te abençoe!

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